- Como interpreta o impacto do COVID-19 no sector imobiliário? Quais os desafios e oportunidades no sector?
A perceção existente é a de que o impacto será negativo no curto prazo e positivo a longo prazo. Negativo no que diz respeito a transações que deixarão de se fazer e a contratos de arrendamento que tenderão a ter taxas de incumprimento mais elevadas por dificuldades financeiras. Positivo porque a extensão dos apoios fiscais e monetários que se estão a criar para conter a perda de rendimentos poderá vir a criar um ponto de entrada interessante num horizonte de 2/3 anos.
- Do contacto que tem com os profissionais da área, qual é o sentimento geral?
Um sentimento de tranquilidade, mas também de angústia, pois percebem que nada podem fazer neste momento no que diz respeito aos seus portfolios dada a iliquidez destes ativos e apercebem-se dos momento difíceis que ocorrerão nos próximos meses.
- Quais são as principais perguntas/perspectivas/pedidos por parte das empresas de promoção e investimento imobiliário (nacional e internacional)?
Não tive contactos para poder responder a esta pergunta.
- Considera que as medidas de apoio às empresas estipuladas pelo Governo são adequadas? Em que medida?
A dimensão dos apoios é elevada em montante, no entanto o que é relevante é que muitos desses apoios serão pagos com impostos futuros que sobrecarregarão a economia nacional que já enfrenta uma carga fiscal elevada: como tal podem ser eles (os apoios) geradores de menos negócio no futuro. Por outro lado continuam a escassear as medidas que permitam capitalização das empresas em substituição de diferimento de dívidas para momentos futuros.
- Que tipo de estratégia tem a APFIPP definida, por forma a apoiar os profissionais da área considerando o actual e futuro cenário económico?
A APFIPP continuará a pugnar pelos interesses dos seus associados junto dos reguladores (CMVM, ASF, …) e entidades públicas no sentido de mostrar a importância da poupança de longo prazo e do correto enquadramento fiscal e regulatório dos seus produtos nos tempos de incerteza que se aproximam.
- Acredita que Portugal permanecerá na linha de interesse de investimento internacional? Porquê?
Acreditar é um ato de fé e portanto poderia ter falta de base científica, que é suposto existir, numa resposta que se orientasse por convicções não fundadas na realidade. A realidade de hoje é que o mercado está parado e portanto a crença em algum comportamento deste investimento internacional seria altamente subjetiva. Quando o mercado reabrir será possível responder de uma forma mais fundamentada, sendo verdade que os anúncios de liquidez extra por parte dos B.Centrais potenciam a continuação dos processos de investimento observados nos últimos 2 anos.
Nota: entrevista realizada a 9 de abril de 2020.